sábado, 18 de julho de 2009

O Lixeiro Particular da Minha Rua.

Por: Felipe Henriques


Tem um cara que recolhe o lixo da minha rua. Achava que ele era maluco. Mas não era pra menos, afinal o cara não trabalhava na Locanty (essa é a empresa responsável pela coleta de lixo aqui, ou ao menos era na gestão governamental passada) e mesmo assim eu sempre via ele pegando os sacos de lixo pela minha rua. Estranhíssimo.


Todo dia que o caminhão passava coletando o lixo, ele se adiantava e pegava todas as sacolas com um carrinho de mão. Depois de um tempo o caminhão nem passava mais devagar na rua. Já sabia que era difícil encontrar lixo por ali.


Eu sempre fiquei meio desconfiado e não ia muito com a cara dele. Agente se cumprimentava na rua, mas nada além disso. Ele me parecia meio sinistro, meio macabro. Acho que caso eu o encontrasse durante a noite com um saco de lixo na mão eu sairia correndo, mas graças a Deus nunca foi necessário.


Planejei um dia uma maneira de evitar que ele pegasse meu lixo. (Porque??? Coisa de homem que não admite que outros mexam no nosso lixo. Oras, cada um que gere seu próprio lixo. Não vejo nada mais justo.) Então esperei a hora do caminhão pra colocar meu lixo lá e nada. No dia seguinte nada. Ficamos mais de duas semanas sem que o caminhão passasse. A rua permanecia limpa graças ao nosso lixeiro particular, mas o quintal da minha casa já começava a feder muito (se continuasse assim eu poderia fazer um projeto dum aterro sanitário ali. Com ligação de tubos para captar o metano gerado pelo produto da decomposição do lixo orgânico).


Perecia não ter jeito. Eu teria que entregar meu lixo àquele homem ou aprender a conviver com aquele cheiro quase que insuportável que imperava em meu quintal. Que dúvida cruel. Resolvi esperar mais um pouco.


Já sem esperanças de ter o caminhão de volta, ouvi o barulho. Era o caminhão, mas quando corri (com aquele monte de sacos pingando) ele já estava longe. Gritei mas não ouviram, tentei assobiar mas lembrei que não sabia (na verdade ainda não sei). A raiva me consumia. Estava a ponto de largar tudo ali mesmo no meio da rua, mas mantive-me controlado e fui em direção a minha lixeira e coloquei meu lixo que não coube totalmente, pus o restante no chão mesmo e entrei pra dentro de casa. Sentia-me derrotado.


No dia seguinte tive uma surpresa. Meu lixo estava lá e o das outras pessoas também. O que teria acontecido??? Havia algo diferente. Perguntei a uma vizinha bem informada (fofoqueira) onde estava o moço daquela casa. Ela disse que ele tinha ido pro RS montar uma empresa de reciclagem.


O tempo se passou e me conformei, mas me lembrei dele esses dias. Foi quando ouvi sobre o fato do Brasil estar importando o lixo da Inglaterra, se não me engano ouvi que esse lixo veio sob a encomenda de uma empresa do RS. Será que é coincidência???


Não duvido nada que seja a empresa dele... E é bom que vocês não duvidem também. E um conselho: Se encontarem um cara de aparência estranha e com um saco de lixo na mão durante a noite... Corram!!!


Intéh Mais.


Nenhum comentário: